quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

@solidão.com

Se alguém tiver um mínimo interesse, esse é um vídeo que eu roteirizei e editei (na verdade, fiz quase tudo, mas tive ajudas. hahahahahahaha). Foi um trabalho pra disciplina Educação, Cultura e Linguagens, da graduação em pedagogia. 


Por favor, se assistir, comente! Nada melhor do que ter uma produção comentada...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Espetáculo da natureza!!!"

Escolhi esta imagem porque além de ser o pôr-do-sol mais lindo que já vi, vem bem a calhar com as discussões sobre o fundo de cena durante as aulas nesta disciplina.Aqui plano de fundo, fundo de cena e imagem em primeiro plano, bem como o jogo de luz nos permite discorrer e refletir sobre a imagem estagnada na fotografia em paralelo as reflexões feitas em sala de aula. Talvez se esta fotografia tivesse sido tirada ao amanhacer ou anoitecer, o fundo de cena composto pelas árvores que circundam o rio tivessem mais força de expressão, ou as luzes e a imponência do sol não fossem tão evidentes em primeiro plano.Mas o espetáculo iluminado do sol ao se pôr refletido
na água como um farol no espelho, anula toda e qualquer paisagem ao fundo...fazendo com que ao olhar esqueçamos da paisagem que aparece ao fundo!
Esta foto foi tirada durante uma pescaria no Mato Grosso, com a simples intenção de registrar a paisagem local e o magnífico espetáculo do nosso astro sol ao se deitar ao fim do dia...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Gente foi uma loucura essa história de escolher uma imagem, uma imagem como??? dentre várias??? Foram tantas, mas ao vê-las eu queria mais, eu queria escutá-las, sim isso mesmo eu queria uma imagem que gritasse comigo, que me trouxesse idéias e que a partir delas (idéias) eu pudesse reconstruí-las.
E então vamos fazer um exercício? Parem de ler este texto aqui e olhem para a imagem que escolhi, vocês sabem que lugar é este?
Esta fotografia é o Parlamento Alemão -Reichstag , utilizado em uma instalação dos artistas Christo e Jeane-Claude. A opção do fotografo pelo plano aberto com este céu limpo e azul ao fundo, pôs em destaque a imponência do Parlamento, mesmo que totalmente coberto e isso fica mais evidente ainda com a multidão que diante dele, parece um formigueiro.
Outro diálogo que tive com esta imagem foi baseada em o Triunfo da Vontade -Leni Riefenstahl. Acredito que não sei se consciente ou inconscientemente alguns elementos permaneceram em relação ao trabalho de Leni em 1936 e o trabalho deste fotográfo em Junho de 1995. Em Triunfo da Vontade vimos a marcante presença das bandeiras espalhadas pela cidade de Berlim impondo a presença de Hitler, vimos também a multidão
diante da personificação do poder encarnado em Hitler.
Ver essa imagem do Reichstag é como ver coberto o rosto de um país pela vergonha do mal que causaram ao mundo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Imagens da cidade de Paulínia - Sara



Caminhando pela avenida central da cidade de Paulínia, curtindo a experiência do “flâneur”, pude fotografar alguns cenários urbanos e resgatar muitas memórias de infância! Fui também imaginando como tudo por ali poderia estar muito diferente, se fossem realizados os projetos da Prefeitura de ”revitalização do centro”... Vou contar para vocês sobre este "drama urbano"!!
A Igreja São Bento (foto acima) é a mais antiga construção da cidade (1903), sendo um marco histórico para o município e também, alguns casarões próximos, tombados como patrimônio público. A administração pública anterior, conhecida por idealizar e, muitas vezes concretizar “obras faraônicas” na cidade, planejou a construção de um "manto de cristal" em forma de pirâmide asteca que cobriria o centro histórico da cidade, incluindo o Museu Municipal, a Casa do Padre, a Casa da Banda e a Igreja São Bento (todos os prédios que estiverem em um perímetro de um quarteirão e meio da igreja serão encobertos). Pelo projeto, a pirâmide será toda coberta por vidros, terá cerca de 20 metros de altura (o equivalente a um prédio de oito andares) e uma área de projeção no solo de 4,1 mil metros. A obra prevê ainda passarelas, mezaninos internos e um mirante no topo da edificação, que terá acesso por rampas e elevadores. (imagem do primeiro projeto)

A obra orçada em R$ 120 milhões foi iniciada com a derrubada parcial de dois casarões: a casa do primeiro farmacêutico da cidade e um barracão centenário, e geraram protestos por parte de moradores da cidade, políticos, religiosos e de uma ONG, a AMA - Paulínia que moveu uma ação na justiça, propondo a liminar que paralisou a obra. A prefeitura ainda recorre da decisão e também realizou algumas alterações no projeto: a pirâmide não vai mais cobrir a Igreja de São Bento, só os outros três prédios considerados históricos. Não assustem, apenas assistam ao vídeo da maquete eletrônica do projeto:
http://paulinia.net/2007/manto-de-cristal

Pensar a cidade: imagens reais e virtuais

Contemplar a cidade que moro, capturar e ser capturada nas paisagens e memórias urbanas revelam minha escolha. Lembrei-me dos documentários “Paisagem urbana” e “Fpolis Era” que retratam a história, o cenário urbano de Florianóplis, bem como o drama urbano e a resistência da população em relação ao aterro. Em Paulínia, o ex-prefeito alegava que “o manto de cristal é necessário para revitalizar o centro da cidade e, dessa forma, alavancar o comércio e o turismo, como também, resguardar as construções históricas da chuva, da corrosão, do ar poluído e danos acidentais.” Dá para entender? Será que a "revitalização urbana", não faz parte do processo histórico de higienização física e social das cidades, como discutimos em sala?
No vídeo, imagens produzidas, obra grandiosa, música contínua, legendas, remodelação urbana e um único personagem identificado na última cena: o busto de seu idealizador... Não lembra “O triunfo da vontade”?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Tramideia III

Esta é uma das imagens que produzi para um trabalho desenvolvido junto com o amigo e artista plástico Gustavo Torrezan. Nossa proposta era contrapor a arquitetura urbana, plena de traço reto e contínuo, concreto, à ocupação orgânica de plantas que se apropriam de espaços dos quais foram expulsas e os transformam, impondo-lhes suas formas curvas, desordenadas em sua própria ordem.
Meu desafio ao analisar a fotografia (e mesmo ao produzi-la) é justamente entender de que forma consigo ou não provocar em outra pessoa o sentimento que me moveu ao criá-la e entender, ainda, quais outras sensações a imagem em si pode produzir em mim, já que não mais me pertence.
A foto é composta por um poste de energia em que há uma lâmpada de iluminação da rua e no qual há a convergência de muitos fios elétricos que cortam a imagem em diversos planos. O fundo é formado pelo céu quase totalmente branco que se confunde com dois prédios no canto inferior direito da imagem. Quase imperceptível, uma cruz denota que uma dessas construções é uma igreja.
Apesar de o registro ser colorido, a imagem apresenta pouca variação para além dos tons de preto: o suporte da lâmpada, em laranja, a igreja, de um bege sutil, e algumas partes do céu azul bastante claro.
Do lado inferior esquerdo há duas antenas de televisão, cuja visibilidade também é afetada pela claridade do registro.
Um dos fios elétricos é tomado por uma planta com caules finos e folhas escuras, que parecem surgir do canto direito, onde há maior volume de folhas, e seguir em direção ao poste, por onde começam a se espalhar para outros fios.
Penso que seja possível aplicar à imagem a noçar de studium e punctum, apresentadas por Roland Barthes em A Câmara Clara. Segundo ele, a imagem passa a existir para um indivíduo (a pessoa nota sua presença e com ela estabelece uma relação) quando da existência de elementos divergentes (dualidade). Entre eles se encontra o tema compartilhado pelo espectador, elemento cuja existência faz parte de seu universo cultural e que o faz se reconhecer naquela imagem. Esse é o studium, "que não quer dizer, pelo menos de imediato, 'estudo', mas a aplicação a uma coisa, o gosto por alguém, uma espécie de investimento geral, ardoroso, é verdade, mas sem aciudade particular" (p. 45). A contraposiçaõ ao que nos é familiar na imagem é estabelecida pelo punctum, o elemento que não precisamos buscar, já que ele vem até nós involuntariamente. Ele é como uma flecha que nos atinge, nos fere e nos mortifica. É o elemento "estranho" da fotografia.
Acredito que na imagem de que falo, o studium seja formados pelos elementos poste, lâmpada, fios, construções, e o punctum possa ser estabelecido pela dualidade entre a paisagem urbana específica da foto da qual foge a ideia de uma planta trepadeira em um poste de energia.
Minha maior questão, como criadora de imagem, é a infinita possibilidade de interpretação da fotografia, já que estive presente à cena e a registrei da forma como se apresenta. Para muitas pessoas não fica claro o fato de que a planta está escura porque está morta. A energia qdos fios em que se apoiou para crescer a eletrificou. Sabendo disso, o que me toma ao construir esse registro é a consciência de uma "luta" e de uma vida interrompidas pela estrutura criada para que não existissem. A paisagem que resta naquela cena me transmite a sensação de uma beleza fúnebre, porém cheia de vida.

Trabalho Final




Para o Trabalho Final escolhi esta foto. Eu a encontrei em um blog com mais outras tantas fotos, mas em nenhuma o nome do fotógrafo, uma pena.
Não dá pra saber onde e nem em que época a foto foi tirada.
A mensagem parece um tanto quanto óbvia, sobre o preconceito, a luta racial, a defesa pelos direitos de igualdade, a submissão.
A diferença de tamanho e qualidade entre os dois bebedouros, as plaquinhas "white" - "colored", a posição do rapaz, o lugar para onde olha, a sujeira na parede atrás do segundo bebedouro e até o encanamento deixam claro o caráter de denuncia da imagem.



*Claro que numa enorme diferença de proporções (ou não), encontrei esta foto logo após estar na reitoria... O engraçado, e que talvez tenha me chamado a atenção, é que lá os bebedouros são bem diferentes dos nossos...

Imagem Urbana




Atrasado eu sei... consegui finalmente postar, isso porque faz um tempão que está na máquina, mas só agora consegui um computador compatível para descarregar.
Essa é a imagem que produzi, não lhe dei um nome, não escolhi o dia, ela simplesmente aconteceu na primeira oportunidade que tive de ter uma câmera em minhas mãos. Rs.
Demorou, mas saiu...
Não foi uma foto ao acaso, pensei nela antes, escolhi o que queria que aparecesse e nem tudo teve um significado a priori. Antes de sair e convidar a moça que aí aparece para fazê-la, li sobre alguns cineastas de que gosto e conversei com amigos da midialogia.

Tirei a foto e pedi para que eles (meus amigos da midialogia) a avaliassem por mim... Os comentários que saíram foram:
"A luz foi uma coincidência, não houve manipulação na imagem."
"A proporção em que a fotografia é equilibrada e acompanha a proporção áurea*, uma proporção natural que traz intuitivamente uma impressão de beleza."
"A contra-luz incidindo com um ligeiro ângulo sobre a silhueta lhe dá um contorno suave e texturizado, tornando a imagem ainda mais bonita."

Quanto a intenção, ou seja, aquilo que preparei para esta foto, decidi que o cenário deveria ser a moradia estudantil da Unicamp, lugar onde vivo há cinco anos, que a menina fosse a Chris, amiga pelo qual tenho grande admiração e que houvesse uma bicicleta, pela ludicidade do objeto.
A esquina desta foto é entre o Bloco E e F, onde morei em 2007, definitivamente um ano de mudanças. E se o cenário deveria ser urbano, nada melhor que um conjunto habitacional, mesmo que este seja formado por pequenas casas e tomado por 1500 estudantes.

Ainda com a máquina emprestada nas minhas mãos, saí por aí tirando outras fotos da moradia... o que foi bem importante pra mim, pq meu TCC é sobre sua história e poder vê-la de outros ângulos, prestar mais atenção em suas imagens, nas múltiplas formas de vê-la e, principalmente, nas que foram construídas por seus moradores, sem dúvida, enriqueceram minhas pesquisas.

*a proporção áurea é algo bem interessante, soube mais a respeito depois quando fui pesquisar. Uma técnica usada por Eiseinstein, de quem gosto muito. Claro que eu não pensei nisso antes de tirar a foto. Ela dá a impressão de "conforto" aos olhos em sua proporção. Se observarem, a luz forma um dos pontos de um retângulo central das fotos, aí está a proporção. Existe tbm as imagens que se localiza a 1/3, e 2/3 da imagem que causam o mesmo efeito. Vale a pena lerem a respeito

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

TRABALHO FINAL

Escolhi essa imagem, devido ao fato de poder se observar formas distintas, devidas formas de interpretação.Quando observei esta imagem, num primeiro momento compreendi a visão de um olho, já num segundo momento, compreendi uma escada em espiral.Esse conceito de profundidade, de maneira diferentes de observar a foto, me leva a compreender o como é produtivo os conhecimentos sobre uma imagem quando trabalhada no coletivo, e foi o motivo da escolha de tal imagem.

Trabalho final de Denise


Esta imagem nos mostra como nossos olhos podem nos enganar. Se fossemos descrever fielmente o que vemos nessa imagem/fotografia, seria um consenso entre todos de que se trata de uma mescla de imagens interiores e exteriores, ou até de uma superposição de imagens. Mas, pode-se destrinchar a imagem em imagens, ao deduzir que se trata de um vidro refletindo algo.

A imagem externa contém duas ruas que se encontram em uma esquina. A rua que aparece do lado direito, na posição vertical, possui alguns carros, algumas árvores no canteiro central, alguns postes de luz e uma bicicleta encostada no posto mais próximo à esquina. Na calçada, aparentemente, existem comércios, com suas entradas principais cobertas e protegidas por toldos listrados. Acima deles aparecem algumas janelas. A imagem externa é mais nítida ao lado direito e vai se desfocando gradualmente até se confundir com a imagem interna. A imagem interna possui uma cozinha com um fogão, uma mesa redonda com uma toalha de mesa e alguns copos em cima dela; e uma cadeira. Uma janela grande fechada, uma pia e um secador de louças com alguns pratos; e uma pessoa – um homem, possível de identificar pelo cabelo, pelas roupas e por seu tipo físico - (supostamente) lavando louça. E a imagem interna é mais nítida ao lado esquerdo e, também, vai se desfocando gradualmente até se confundir com a imagem externa.

Poderia-se dizer que esta fotografia foi tirada do lado de fora de uma casa; que a imagem interna é a imagem “real”, e a imagem externa é a imagem refletida no vidro. Essa conclusão seria totalmente plausível se não fosse o fato de que a parte interna, ou seja, a cozinha dessa casa, parece estar acima do nível do chão, como se esta casa estivesse localizada em um segundo ou terceiro andar, não em um primeiro andar (ou térreo). Se fosse este o caso, esta fotografia deveria ter sido tirada do lado de fora, ou seja, a pessoa estaria elevada do chão, não podendo, assim, ter tirado essa fotografia de uma janela acima do comércio do outro lado da rua, pois as mesmas se encontram presentes nesta imagem (se esta foto fosse tirada de uma dessas janelas, elas não apareceriam por estarem no mesmo plano ou atrás da câmera).

Deste modo, conclui-se que esta fotografia foi tirada do lado de dentro desta cozinha, ou seja, focalizando a imagem “real” externa – a rua – e a imagem refletida da cozinha no vidro.

Esta imagem/fotografia nos mostra como podemos educar e apurar nosso olhar sobre as imagens, através de sua confusão de planos, pois, olhando mais atentamente, pode-se perceber os elementos que compõem a cena, até que ponto podemos descrevê-los, em que ponto eles começam a se confundir, e , assim, quais são as imagens “reais” e as imagens refletidas.



postei esta imagem da ligia clark por ser uma imgem que passa de uma certa maneira o dia comum de algumas pessoas carregando agua numa lata na cabeça subindo as scadas que parecem nunca ter fim e colorida e simples traz o cotidiano , retrata o travalho diario de muitas pessoas.
ela gosta muito de usar as coresa primarias nessa imagem de maneira simples mas dando um perfeito contraste.

3 interpretações de uma capa de CD.



Essa foto é a capa do CD da banda Oito Mãos, chamado "Vejo Cores Nas Coisas", que vai ser lançado em 2010. A escolhi pra análise, em primeiro lugar porque acho que ficou legal, o conceito e realização, e também porque participei da criação e execução de ambos.

Estando então do lado de "dentro" da criação desta foto, meu esforço será de me por do outro lado, do espectador que poderá encontra esse CD numa loja, na casa de um amigo, na mão da namorada, ou na estante, que seja. Em todo caso, a pergunta que porei a responder é: qual é a qualidade do impacto dessa foto, enquanto capa de um CD?

Pra onde caminham os significados desta foto, afinal? Lembro de estar fumando, de madrugada, olhando por entre a fresta do portão de casa, então me veio a resposta pra questão urgente, já há algumas semanas em pauta: "qual será a capa, qual será a capa?"
- Uma criança, de olhos claros, olhando por entre uma cerca colorida.
Assim que apresentei a idéia por meio de um desenho tosco do paint, a galera aprovou, depois de muitas e muitas idéias já naufragadas. Então contando com a ajuda de muitos, a realizamos tal como se vê acima.


Para desvendar o valor dessa idéia, prontamente aceita, percorreremos três possibilidades distintas de interpretação. Sabemos de antemão que esse é um exercício analítico interpretativo, um assunto que ao mesmo tempo que se sustenta por uma argumentação lógica, pautada nas observações dos olhos e da alma, abre-se amplo espaço para a discussão. Poderíamos dizer que estamos preparando o leitor para encontrar contradições em nossa argumentação abaixo, ou ainda, se não encontra-las, que as procure, com base em seu próprio olhar. De tal sorte que a própria discussão - que aqui somente deve vir após o observar- já é conhecer melhor, e a contradição do olhar desconhecido o melhor dos professores.

Segue-se então 3 caminhos de interpretação:

1) A foto brinca com o título, "Vejo Cores Nas Coisas". Na imagem a menina esta atrás da cerca, e não esta vendo as cores que o espectador da imagem vê. No entanto, a impressão que se fica, é de que ela esta vendo algo colorido (ou ao menos muito vivo).

Assim, sugerimos que a foto abarca o conceito do título em dois níveis diferentes: no primeiro o espectador vê coisas coloridas na própria imagem (a cerca), e no segundo, mais sutil, a menina vê cores nas coisas, o que é diferente. Nesse último caso, as cores estão representadas pelo interesse de criança no que se espia atrás da cerca...

A menina poderia representar o eu lírico da banda olhando para o espectador, e o espectador da foto não é deixado de fora do conceito, mas é convidado a entrar na imagem através do primeiro nível, mais simples, o de quem vê coisas coloridas.

Aliada então ao título, a imagem cria um ponto de vista cruzado entre “ver coisas coloridas” e “ver cores nas coisas” - cruzamento entre artista e público. Boa parte do impacto da foto deriva-se deste cruzamento conceitual que a foto e o título exercem no observador.

2) Um outro caminho de interpretação, complementar ao enunciado acima, é o que leva em conta a escolha dos principais objetos de cena, a saber, a cerca colorida, e a criança. Sobre a cerca - costumeiramente objeto usado para separar, proteger, criar fronteiras-, não é exatamente o símbolo da liberdade, no entanto, as cores diferentes e intercaladas criam um aspecto lúdico no objeto, aspecto esse que acumula intensidade com a presença da criança, que parece estar num lugar arborizado e sorrindo ao espiar por entre as tábuas. Uma cerca lúdica poderia ser um símbolo da arte, da sublimação que a arte efetua no espírito humano.

Contrariamente a hipótese de cima, a menina que espia a cerca colorida assume agora uma posição mais identificada com a do espectador da foto; espectador jovial e interessado com o que olha, pra não dizer satisfeito, ainda. Identificação essa que funciona como um cortejo, promessa, ou ainda amostra para o espectador desconhecido, do que se segue, em outras palavras, a capa funciona como um convite persuasivo, para que o espectador avance para a etapa seguinte e ouça o CD.

3) A terceira interpretação é mais simples; nos informa que o principal impacto dessa foto não é dado por razões subconscientes que jazem no caráter simbólico dos objetos e suas disposições, mas antes de tudo, pelo sabor que a visão experimenta com seus contrastes equilibrados.

Nessa capa, o contraste geral da foto inclui todos seus elementos: tábuas pintadas da cerca, a menina espiando, e o ambiente em que ela esta - que se perscruta pelos vãos e furo da cerca -. Porém, o contraste central é o das cores intercaladas. O que supomos é que a menina e o cenário atrás, contribuem para o contraste central devolvendo naturalidade a imagem, retirando a artificialidade que é previamente percebida na foto por meio do enquadramento, que não permite sobras nas laterais, tal como se esperaria de uma foto "não planejada”.

Assim, caracterizamos o contraste geral da foto como equilibrado, o que acaba por inserir a imagem num plano do comum, do instante captado, do instante único e mágico, do “não planejado”, mesmo após todo o planejamento. Nesse plano o contraste entre as cores da cerca, a menina, e o ambiente de trás, cria uma imagem acima de tudo agradável aos olhos, e que não deixa de sugerir múltiplas interpretações. Mas o título do CD não seria essencial para desvendar o valor da imagem, que jaz em sua própria composição.
Concluo esta breve exposição arriscando mais um comentário: que o domínio do fazer e sentir a arte, é o da intuição. A utilidade de um exercício como esse é o de apurar os instrumentos com o qual a intuição se expressa, ou seja, objetos racionais (formas), empíricos (cores), teóricos (conceito), etc.

tateio experimental


Esta imagem foi recebida por mim e por mais um milhão de destinatários-ocultos através de um e-mail cujo título era “Quando uma foto não é só uma foto...”. Tratava-se de um pacote com mais outras 34 imagens “deste estilo”, qual seja, uma série de imagens que são, ao menos no senso-comum, compreendidas e identificadas como “montagens”, sempre “brincando” com pessoas interagindo com a natureza (flores, sol, água, insetos etc.). Tal como esta, todas têm no canto inferior direito o inscrito: INTERESNO.DN.UA. Estão no ar no endereço www.interesno.dn.ua que, pelo formato das letras nele contidas, faz-me crer que seja um site grego.

No primeiro plano há no foco uma flor, provavelmente uma tulipa cor-de-rosa, um pouco avermelhada, posicionada horizontalmente no centro e verticalmente um pouco abaixo do centro da imagem. A flor está virada diagonalmente para baixo, como se estivesse murcha, mas as tulipas abertas e erguidas têm suas pétalas dispostas desta mesma maneira.

O plano de fundo, pelos elementos dados (como o chão, a janela com cortina, uma pessoa e algo que pode ser uma cama ou um sofá), faz crer que se trata do cômodo de uma casa, dando a impressão de que a flor “nasce” de um vaso ornamental sobre algum móvel. Os outros elementos contidos na imagem, além da flor, estão desfocados.

A pessoa entre a flor e a janela, pelas curvas, perfil, posição e cabelo, e pelo próprio posicionamento da flor, é remetida a uma mulher, uma mulher jovem. Está em pé, de perfil com o queixo levemente levantado, com os pés em meia-ponta e os braços leves frente ao corpo, ou seja, em uma posição que culturalmente identificamos com a dança e, em conjunto com o formato da “saia”, com o ballet, logo, com uma bailarina.

Ao fundo, a janela é grande e disposta predominantemente na parte superior da imagem. Da propriamente dita janela, vem uma luz forte que dá a tudo um tom amarelado, assim, um tom envelhecido, assim, um tom de ballet, uma vez mais.

O ponto fundamental da pedagogia desta imagem poderia ser o de trazer ao espectador o conceito de uma bailarina. À primeira vista, digo, à primeiríssima vista, é o que vemos. É o que culturalmente, “dos fenômenos materiais da nossa condição social” (como lembraria Pasolini n’Os Jovens Infelizes), somos educados a ver. Eu jurava, inclusive, que tinha visto nos pés da pessoa da imagem, uma sapatilha de ponta (que, por sinal, nem foi necessária para construir o suposto objetivo do construtor da imagem).

Por suposto, uma foto de fato não é só uma foto...

Trabalho final



Selecionei para o trabalho final a imagem “Behind the Gare Saint-Lazare”, 1932, de Henri Cartier-Bresson, fotógrafo francês. Ao observar a fotografia, além da qualidade estética, percebi que o reflexo na água marca uma divisão na imagem: aparece apenas aquilo que está do lado de dentro das grades, do ponto de vista do fotógrafo. As três figuras do outro lado das grades e a construção do plano de fundo estão excluídas do reflexo. Ficou em mim então a dúvida: seria uma escolha do artista deixar apenas uma parte da paisagem no reflexo ou seria obra do acaso na fotografia? Teria ele recursos, já em 1932, para manipular a imagem e apagar parte do reflexo? Ou a angulação escolhida para capturar a imagem fez esta exclusão devido à distância dos objetos do plano de fundo? E o título da imagem? A que interpretação nos induziria? O que está atrás da Gare Saint-Lazare não seria talvez exatamente a imagem refletida?

São infinitas as possibilidades e os questionamentos sobre a intrigante imagem de Bresson, o que evidencia o caráter múltiplo da fotografia, que nos apresenta diversas realidades: “Uma foto pode estar nos dizendo: isso também existe. E isso. E isso. (E tudo isso é “humano”.)” (SONTAG, 2008, p.140).

O fundo branco do reflexo, em contraste ao escuro da parte de cima da imagem é que nos permite enxergar com detalhes o outro lado do portão: a pessoa parada, a bicicleta, a forma do homem que corre e salta sobre a água.

O fotógrafo capta também um instante inusitado ao nosso olhar, pois paralisa o salto do homem no ar, antes de pisar o chão novamente, porém a silhueta do homem ganha uma visibilidade muito maior no reflexo do chão, onde há mais contraste entre o branco e preto. O salto teria acontecido em um instante temporal, que a fotografia permitiu que se materializasse e fosse visto, um instante que saiu do imaginário e passa a existir: “A fotografia, em função de sua pretensa “objetividade”, se prestou para esse projeto na medida em que tornou reais as fantasias do imaginário.” (KOSSOY, p.83).

São estas as minhas considerações sobre a imagem que escolhi, baseadas nos estudos da bibliografia e das discussões em aula sobre como as imagens podem nos educar. Pensar como as imagens foram construídas e pensadas, manipuladas pelo tanto pelo próprio olhar do autor, ou tecnicamente, a fim de gerar alguma indagação, ou proporcionar uma leitura dirigida (KOSSOY, p.82) ao espectador.

Trabalho Final - "A FAMÍLIA"

Esta é a imagem que escolhi, um quadro da pintora Tarsila do Amaral, do qual gosto muito.
Bom, é uma imagem que me remete a família, como o próprio nome do quadro diz, uma família convencional com pai, mãe filhos, avós, tios e tias e até animais que compõem o ambiente familiar.
No meu entendimento, a pedagogia desta imagem está no que ela nos chama a atenção com a intenção de nos mostrar algo, que no caso é a composição de uma família convencional, pois hoje em dia, a família não precisa ser nececessariamente formada por pai, mãe e filhos. Age politicamente como prova de uma estruturalização da família, com um propósito.
É uma imagem bastante colorida e com traços bastante arredondados, como todos os outros quadros da Tarsila do Amaral.

Trabalho Final - A Imagem e seus significados (Dani Mendes)


Os fotógrafos são especialmente admirados se revelam verdades ocultas sobre si mesmos ou conflitos sociais que não foram plenamente cobertos pela imprensa, em sociedades ao mesmo tempo próximas e distantes de onde vivem os espectadores”. (Sontag, p. 138)

O que vemos nesta foto?

Uma senhora, muitas rugas, um calendário, bolinhas de natal, uma parede envelhecida, um olhar assustado.

Eu vejo também o tempo, o medo dos anos passando ou a surpresa de perceber que o tempo já passou, a incerteza, a simplicidade, o calendário anunciando o fim de mais um tempo, a vontade de ter mais um natal.

A fotografia é antes de tudo um modo de ver. Não é visão em si mesma” (Sontag, 2008, p. 137)

A imagem, segundo Pasolini, é um signo lingüístico, e por tanto sempre nos remete a alguma coisa.

No caso da foto anexa, descrevi algumas das inúmeras possibilidades de idéias, de situações que poderiam estar ocorrendo no contexto da fotografia, ou do que o fotógrafo queria passar.

Escolhi esta fotografia, pela quantidade de significados e de emoções que ela me remeteu. Fiquei me perguntando, o que esta senhora esta pensando com estes olhos assustados ou surpresos?

Lembrei me de meus avós, e dos questionamentos ao final de cada ano, por que para eles o fim esta mais próximo.

Fotos são detalhes, por tanto, fotos parecem com a vida. Ser moderno é viver extasiado pela autonomia selvagem do detalhe” (Sontag, p. 139)

A imagem educa ao instigar o leitor a participar de seu contexto, ao dar significado aos fatos, ao convidar o leitor a participar da história.

A educação pela imagem se dá quando vemos além do que nos esta dado, além dos detalhes e da própria imagem.

Esta imagem, a meu ver, nos educa ao nos forçar a pensarmos nas memórias, NA VELHICE , no susto que temos ao nos darmos conta que o tempo passou, nos sentimentos muitas vezes desconhecidos.

Trabalho final


A imagem tem apenas um plano, de uma pessoa idosa. As linhas de expressão da pessoa revelam uma vida longa, como se cada ruga fosse um caminho que ela seguiu durante seu percurso. A expressão fechada demonstra introspecção. Tudo no seu rosto está fechado: os olhos, a boca e o nariz que acaba se encontrando com a boca.
Os tons das cores em preto e branco dão um aspecto mais sombrio à imagem.
Esta imagem faz parte de uma coleção de fotografias exibida no flick, no terreiro de João de Camargo, um ex escravo da cidade de Sorocaba que fundou uma "religião universal" na cidade que unificaria todos os credos, e englobava elementos das culturas negra, branca e indígena.

O Todo e o Ser de Cada Um.



Escolhi esta foto por ter sido tirada de uma maneira espontânea e de uma forma um tanto inusitada. Em agosto passado, fui visitar o museu do futebol em São Paulo, chegando lá o museu estava fechado, ao lado havia uma multidão em frente aos portões do Pacaembu. Como a curiosidade é que move o mundo, fui saber o que acontecia. Era jogo do Corinthians e Avaí. Como boa corinthiana não restou dúvidas, entrei para ver o jogo. Era minha primeira vez num estádio de futebol.
Ao realizar a pesquisar para este trabalho, bati os olhos nesta foto e imediatamente me lembrei do texto “O homem na Multidão”. ´Naquele momento particular do entar¬decer, eu nunca me encontrara em situação similar, e, por isso, o mar tumultuoso de cabeças humanas enchia-me de uma emoção deliciosamente inédita.´. Aquela multidão, feita de cada único ser, com movimentos sincronizados e ao mesmo tempo desgarrados dos demais, movia o estádio, sem sair do lugar, para um tempo único e singular. No começo somente as cabeças, depois de familiarizada com o ambiente, puder olhar os rostos, os gestos individuais, os gritos, as expressões de raiva. Ampliando o olhar para o estádio era como se as colunas vazadas pudessem nos dar os limites de onde podíamos chegar, mas as construções mostram que o limite é mais além. [...]´altos e antigos prédios,[...] dispostos em tantas e tão caprichosas direções.”
Vi neste momento da foto a necessidade do outro , para formar a massa, para dar visibilidade, para ser ouvido. O homem um ser social e de relações, se recusa a estar só, no entanto no seu intimo, cada ser necessita da sua individualidade, de ser apenas um homem na multidão. Eu era um ser na multidão. A mulher na multidão.
Posso afirmar que na prática da pedagogia, a arte de trocar saberes e conhecimentos, deve-se sempre entender o tempo de cada um dentro de um todo. A pedagogia da convivência.

PROSTITUIÇÃO - Trabalho final de Eliseu José Machado

Resolvi postar essas imagens de prostitutas que montei no Corel Photo Paint devido a algumas técnicas que notei tanto nas pinturas quanto nas fotografias.

As primeiras são imagens de Maria Madalena, talvez a mais famosa delas. Observa-se o fundo escuro e a melancolia. Os fundos escuros parecem remeter à própria melancolia ou a uma turbulência espiritual. Mesmo quando usadas cores mais vivas nas imagens, elas parecem não remeter a uma vivacidade ou a um dinamismo.

Outro fato que me chamou a atenção foi o isolamento. A imagem de Madalena com a cidade aberta ao fundo não faz um contraste com as prostitutas modernas. Mesmo quando retratadas nas ruas movimentadas há uma divisão clara entre elas e o quotidiano “normal”. As faixas ou guias de calçadas parecem sempre remeter a esse isolamento. Mesmo quando expostas à luz nas fotografias, sempre são remetidas a uma identidade cultural, a uma finalidade como produto e nunca a um indivíduo. As saias curtas nos permitem entender, independentemente de juízo de valores morais que nos são característicos, porque uma aluna de uma grande faculdade de São Paulo foi hostilizada por alunos e funcionários alguns dias atrás.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sombras...


Sombras...

Quando penso, quando respiro, quando ando... sempre me faltou algo... sempre...

Veja! Logo ali, isso mesmo, logo ali vivi durante 9 anos. Vivi e vi! Contarei um pequeno trecho...

Sombras me perseguiram... Entretanto não mais me perturbam. Marcas de uma vida que permanecerão até o fim. Mas que fim? Será que não estou vivendo o fim? O que é o fim?

Sabe aquela marca no chão? Desculpe, esqueci que têm várias e que são confusas, mas me refiro àquela ali. Isso mesmo, a marca de um pneu de bicicleta no canto esquerdo da foto, logo embaixo. Achou? É minha. Pedalava diariamente pelos caminhos quentes desta vila. Entretanto, não fiz mais isso. Deixei pra lá. A visita do dono da pegada que está no canto inferior direito da foto me fez parar por um tempo. Depois de sua visita, percebi que andar de bicicleta não era mais um prazer, mas uma maneira de atravessar um ponto ao outro sem ser atingido. Quanto mais rápido, menor era o perigo. Mas ser atingido pelo que? Pela pegada do senhor que te falei. Sabe, ele não gostava de criança. Nem de bicicleta.

Você quer saber o motivo de eu estar de costas para foto e, principalmente, para as pegadas? É que eu falo e penso muito nelas, só isso. Tomaram muito tempo de minha vida após a visita do senhor que te falei. Antes existiam apenas as pegadas dos meus caros colegas e as minhas, é claro. Cada pegada tinha uma intensidade e trajeto definidos... agora estão confusas, sem uma definição... Não reclamo das pegadas ou de deixar as pegadas, mas da maneira com que elas surgiram e de como foram dispostas... Não consigo entender! Veja, por que as pegadas daquele meu amigo estão ao centro? Ele sempre andou pelo canto... E as minhas, onde estão? Vejo só a marca do pneu de minha antiga bicicleta... Tempos atrás não me preocupava em como gravá-las no chão... apenas as deixava... não existia tal preocupação...

Pois é, essa foto mostra um pouco do que vivi durante um bom tempo. Crescer é algo muito rápido, sabia? Um dia andava de bicicleta com amigos e no outro você acaba indo embora. Mas as memórias da infância permanecem comigo. As pegadas são isso. Procuro lembrar-me de um lugar, uma vila, uma casa como várias outras casas, um quintal como vários outros quintais, em uma viela como várias outras vielas. E o fato é que, após todos estes anos, eu ainda olho para trás para compreendê-las, mas estão escondidas pelas sombras. Apesar das sombras não me perturbarem, continuam me seguindo, pisando em minhas pegadas...