domingo, 6 de dezembro de 2009

A razão da árvore e da floresta


Para mim o mundo está dividido entre as pessoas que olham para a árvore e as que olham para a floresta. Os que olham para a árvore geralmente percebem pequenos detalhes, que não deixam de ser importantes por serem pequenos. Sabem quando a árvore precisa ser podada, quando lhe dar água. Mas não percebem que a árvore faz parte de uma coisa maior, chamada floresta. Não estão interessados em saber o que é a floresta, mesmo quando tentamos mostrar que há mais árvores além daquela, e que o seu conjunto forma uma massa maior e mais complexa. Não querem saber porque sentem que teriam que dar a mesma atenção para cada uma daquelas outras árvores, e sabem que fisicamente não seria possível.
E há os outros, os que olham para a floresta como um todo harmonioso e complexo, e têm dificuldade em focar-se numa árvore específica. É a totalidade das árvores que para eles faz sentido, o efeito que a floresta tem como um todo, equilibrando o ecossistema em variados aspectos.
Os que olham a árvore precisam dos que olham a floresta, e vice-versa. E porque todos estão conscientes da sua importância relativa neste processo, quer as árvores, quer a floresta, vão crescendo harmoniosamente. Chama-se a isto, progresso.
Cheguei à conclusão que vivo num país míope cheio de árvores e florestas bonsai. Não se consegue ver a árvore nem se vislumbra o que poderá ser a floresta.





4 comentários:

  1. Oi Isa, ficou legal seu trabalho, pelo que eu entendi voce fez uma relação entre a sociedade de um modo geral, a floresta, e um individuo, a arvore. Mas na sua conclusão não podemos generalizar, pois acredito que temos grandes jequitibás na nossa mata Atlantica, e não apenas bonsais... pois às vezes a gente se vislumbra. Abraço Fabio

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  2. Diz-se do mal da ditadura religiosa e política entre outras tantas e nada se diz sobre a ditadura das imagens, da construção ideológica a que ela nos remete. A obra de arte vista por uns é o material dialético de outros. O que sobra nesta imagem se retirarmos o elemento bonzai é o mesmo que sobra da floresta se tirarmos o elemento árvore: o nada!

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  3. Gostei das sua observações (que não são conclusivas certo?).. E o Bonsai, não estando no centro da imagem, "aumentando" assim o espaço sem o Bonsai, acentua ainda mais a idéia do "nada" citado pelo Eliseu. O Bonsai é em si uma puta demonstração de como o ser humano é "bravo, astuto, perspicaz, inteligente e audacioso" em sua relação com a natureza, em sua relação de (cego? surdo? ilusório? aparente!) poder-barra-controle sobre a natureza.. O Bonsai, visto como o significado desta (des)bravura humana, cabe perfeitamente na sua discussão a cerca dos desafios que temos por aí, enquanto humanidade, para relacionar de forma sensata e significada (e uma significação e uma sensatez capazes de gerar mudanças "pró-vida", por assim dizer) o singular e o plural, as micro e as macro relações, o privado e o público, enfim, a árvore e a floresta..

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  4. Numa primeira mirada, a "limpeza" da imagem, seu fundo praticamente idêntico em todo o quadro, com apenas uma linha horizontal cruzando-o e mundando levemente a coloração, cria somente a distinção entre verticalidade e horizontalidade. Mas numa segunda mirada notamos que as cores pastéis do quadro são alteradas nas bordas por um sombreamento que cria uma espécie de aura na parte central do mesmo, onde está o bonsai, mas também o outro lado do quadro, vazio-onde-parece-se-dirigir-o-bonsai-caso-cresça. O movimento presente na tronco do bonsai (parece um ser que dança) se opõe de maneira brutal à monotonia da linha reta que cruza o quadro, fazendo-o mais fortemente o único elemento vivo da imagem. Seria isto que precisaríamos ver tanto na árvore quanto na floresta, o que é vivo nelas? E esta fotografia nos diz que o vivo não é só aquilo que tem vida biológica (bonsai/árvore) mas aquilo que se movimenta (e o movimento do tronco do bonsai foi feito pelo homem, que o torceu e direcionou), que cria outras possibilidades de vida.

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