segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Rodchenko

Essa é uma fotografia de Aleksandr Rodchenko, um fotógrafo russo do inicio do século XX, contemporâneo à Revolução Russa, e portanto imerso num contexto em que a fotografia era escancaradamente formadora de opiniões.Suas fotos exploram perspectivas, geometrizações, mas principalmente novos pontos de vistas que nos fazem refletir sobre a fotografia.
Suas composições fotográficas nos abrem um novo olhar sobre o ato de fotografar, passamos a repensar na fotografia, que deixa de ser uma mera reprodução, ou uma captura de um momento, ”embora em certo sentido a câmera de fato capture a realidade, as fotos são uma interpretação do mundo tanto quanto as pinturas e os desenhos”(Susan Sontag)
Esta fotografia, intitulada “chauffeur” de 1933 o artista capta vários planos, formando o primeiro com o cachimbo, o segundo com o espelho e o terceiro com o chão e as sombras. No entanto, a riqueza da foto esta presente nos planos “virtuais” que Rodchenko cria ao fotografar através do espelho, o fumante do cachimbo, ele próprio, uma outra pessoa atrás do fumante ao lado direito e o prédio, criando assim 2 planos de fundo: o do chão com as sombras e do prédio visto através do espelho. A presença do espelho faz com que se crie mais uma moldura dentro da fotografia.
É interessante ressaltar também, a questão da auto-retratação que colocada na foto, Rodchenko se põe como um coadjuvante se retratando atrás do “chauffeur” tão distante que quase se confunde com o plano de fundo.
O que faz dessa foto encantadora é a forma com que o olhar é fotografado: o olhar sobre as coisas, o olhar sobre o mundo mas é principalmente o olhar sobre o olhar é que faz com que a foto seja carregada de significado. Como uma metalinguagem a fotografia que fala por si só como uma nova forma de olhar.

2 comentários:

  1. Uma das minhas imagens prediletas. Gostei que trouxe mais informações a respeito dela, principalmente no que se refere as molduras, não tinha reparado. Apenas nos vários planos e no auto-retrato...

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  2. O olhar sem dúvida é educado pela fotografia, sobretudo em sua maneira de mirar o espaço e descobrir que o olhar natural humano só nos dá um dos lados do espaço: 180 graus é nosso limite. Esta imagem nos aponta como os instrumentos (espelho, câmera) nos permitem enxergar mais espaços, mais espaço e fazer dele algo que aparentemente ele não seria. Nesta foto os planos vertical do prédio e o horizontal do chão formam um único plano de fundo que está, além de tudo, em posições inversas aos personagens (à frente o chão, às costas o prédio). Esta foto também nos aponta o quanto não só de grandes volumes o espaço é feito e de como o detalhe é muitas vezes determinante para vermos o grandioso: o cachimbo é o maior elemento desta imagem e somente nela pode ser maior que o prédio, pois ali fica nítido que estão em planos espaciais distintos, uma vez que o espaço não é uma dado objetivo, mas um amálgama de sentidos e, neste caso, o cachimbo é o centro daquele local, pois é ele que une os homens e os demais elementos da imagem.

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