terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Trabalho final de Denise


Esta imagem nos mostra como nossos olhos podem nos enganar. Se fossemos descrever fielmente o que vemos nessa imagem/fotografia, seria um consenso entre todos de que se trata de uma mescla de imagens interiores e exteriores, ou até de uma superposição de imagens. Mas, pode-se destrinchar a imagem em imagens, ao deduzir que se trata de um vidro refletindo algo.

A imagem externa contém duas ruas que se encontram em uma esquina. A rua que aparece do lado direito, na posição vertical, possui alguns carros, algumas árvores no canteiro central, alguns postes de luz e uma bicicleta encostada no posto mais próximo à esquina. Na calçada, aparentemente, existem comércios, com suas entradas principais cobertas e protegidas por toldos listrados. Acima deles aparecem algumas janelas. A imagem externa é mais nítida ao lado direito e vai se desfocando gradualmente até se confundir com a imagem interna. A imagem interna possui uma cozinha com um fogão, uma mesa redonda com uma toalha de mesa e alguns copos em cima dela; e uma cadeira. Uma janela grande fechada, uma pia e um secador de louças com alguns pratos; e uma pessoa – um homem, possível de identificar pelo cabelo, pelas roupas e por seu tipo físico - (supostamente) lavando louça. E a imagem interna é mais nítida ao lado esquerdo e, também, vai se desfocando gradualmente até se confundir com a imagem externa.

Poderia-se dizer que esta fotografia foi tirada do lado de fora de uma casa; que a imagem interna é a imagem “real”, e a imagem externa é a imagem refletida no vidro. Essa conclusão seria totalmente plausível se não fosse o fato de que a parte interna, ou seja, a cozinha dessa casa, parece estar acima do nível do chão, como se esta casa estivesse localizada em um segundo ou terceiro andar, não em um primeiro andar (ou térreo). Se fosse este o caso, esta fotografia deveria ter sido tirada do lado de fora, ou seja, a pessoa estaria elevada do chão, não podendo, assim, ter tirado essa fotografia de uma janela acima do comércio do outro lado da rua, pois as mesmas se encontram presentes nesta imagem (se esta foto fosse tirada de uma dessas janelas, elas não apareceriam por estarem no mesmo plano ou atrás da câmera).

Deste modo, conclui-se que esta fotografia foi tirada do lado de dentro desta cozinha, ou seja, focalizando a imagem “real” externa – a rua – e a imagem refletida da cozinha no vidro.

Esta imagem/fotografia nos mostra como podemos educar e apurar nosso olhar sobre as imagens, através de sua confusão de planos, pois, olhando mais atentamente, pode-se perceber os elementos que compõem a cena, até que ponto podemos descrevê-los, em que ponto eles começam a se confundir, e , assim, quais são as imagens “reais” e as imagens refletidas.

Um comentário:

  1. Esta imagem nos permite pensar a fotografia como a impressão da luz, pois foi a iluminação que permitiu a presença numa mesma imagem de planos distintos (próximo, distante, interior, exterior, direita, esquerda, público, privado). No entanto, não só a luz deve ser apontada como criadora da fotografia, mas também as sombras, as escuridões que permitem a luz se concentrar em certos pontos e não tomar todo o ambiente. Também devemos incluir como criadores de fotografias todos os objetos do mundo que refletem a luz ou são transparentes ou translúcidos a ela, como os vidros, os espelhos. Por fim, no mundo atual, podemos pensar que esta imagem não é oriunda de uma única captura, mas de distintas capturas sobrepostas num software de tratamento de imagens. Em nada a imagem perde potência, mas sim ganha linhas de fuga para pensamentos que nunca se acabam...

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