Atrasado eu sei... consegui finalmente postar, isso porque faz um tempão que está na máquina, mas só agora consegui um computador compatível para descarregar.
Essa é a imagem que produzi, não lhe dei um nome, não escolhi o dia, ela simplesmente aconteceu na primeira oportunidade que tive de ter uma câmera em minhas mãos. Rs.
Demorou, mas saiu...
Não foi uma foto ao acaso, pensei nela antes, escolhi o que queria que aparecesse e nem tudo teve um significado a priori. Antes de sair e convidar a moça que aí aparece para fazê-la, li sobre alguns cineastas de que gosto e conversei com amigos da midialogia.
Tirei a foto e pedi para que eles (meus amigos da midialogia) a avaliassem por mim... Os comentários que saíram foram:
"A luz foi uma coincidência, não houve manipulação na imagem."
"A proporção em que a fotografia é equilibrada e acompanha a proporção áurea*, uma proporção natural que traz intuitivamente uma impressão de beleza."
"A contra-luz incidindo com um ligeiro ângulo sobre a silhueta lhe dá um contorno suave e texturizado, tornando a imagem ainda mais bonita."
Quanto a intenção, ou seja, aquilo que preparei para esta foto, decidi que o cenário deveria ser a moradia estudantil da Unicamp, lugar onde vivo há cinco anos, que a menina fosse a Chris, amiga pelo qual tenho grande admiração e que houvesse uma bicicleta, pela ludicidade do objeto.
A esquina desta foto é entre o Bloco E e F, onde morei em 2007, definitivamente um ano de mudanças. E se o cenário deveria ser urbano, nada melhor que um conjunto habitacional, mesmo que este seja formado por pequenas casas e tomado por 1500 estudantes.
Ainda com a máquina emprestada nas minhas mãos, saí por aí tirando outras fotos da moradia... o que foi bem importante pra mim, pq meu TCC é sobre sua história e poder vê-la de outros ângulos, prestar mais atenção em suas imagens, nas múltiplas formas de vê-la e, principalmente, nas que foram construídas por seus moradores, sem dúvida, enriqueceram minhas pesquisas.
*a proporção áurea é algo bem interessante, soube mais a respeito depois quando fui pesquisar. Uma técnica usada por Eiseinstein, de quem gosto muito. Claro que eu não pensei nisso antes de tirar a foto. Ela dá a impressão de "conforto" aos olhos em sua proporção. Se observarem, a luz forma um dos pontos de um retângulo central das fotos, aí está a proporção. Existe tbm as imagens que se localiza a 1/3, e 2/3 da imagem que causam o mesmo efeito. Vale a pena lerem a respeito
Em primeiro lugar, gostei muito da foto. Acredito que ela transmita uma ideia de conforto, por conta da luz baixa, da sombra e da calçada larga. Se não houvesse a sua descrição, eu imaginaria (assim como pensei ao vê-la) que se tratava de uma criança, pois ela está nos degraus mais baixos da escada - enquanto o plano principal é acima dela - e a bicilceta está em uma rampa. Também não imaginaria se tratar da moradia, mas talvez de uma viela em um lugar distante, já que no Brasil há poucos espaços destinados apenas a pedestres.
ResponderExcluirMuito legal!Também pensei em uma criança andando de bicicleta num bairro mais tranquilo!
ResponderExcluirGosto das imagens noturnas, apesar de ter dificuldades com a visão noturna ... talvez então seja, em função da suavidade e conforto aos olhos... vou ler à respeito!
Gostei da foto, bonita. Particularmente a cor q se imprimiu com a luz, e pra mim mais parece uma criança no meio de uma ruína, grega talvez, do que um conjunto habitacional. De forma interessante nao deixa de passar a idéia de cenario urbano.
ResponderExcluirUma imagem montada é uma fotografia verdadeira. Esta me parece ser a idéia central desta imagem e do comentário de sua autora. Se notarmos que esta foi a primeira foto tirada por ela, podemos dizer que ela revela nossa cultura atual sobre a fotografia: não mais a realidade diante de nós, mas um jeito de dizer da realidade, de construir narrativas, de amalgamar num só quadro o sentido que damos à nossa vida neste momento. Creio ser por isto que a amiga tornou-se personagem central (a amizade, a admiração), a noite foi escolhida como cenário para emoldurar a moradia estudantil (o mistério, as lembranças), a proporção áurea foi trazida do inconsciente coletivo ocidental para "harmonizar" a cena, a bicicleta foi o objeto escolhido para trazer a entrada lúdica (e ao mesmo tempo "enérgica" - ou seja, o inevitável) do sentido cotidiano da imagem (assim como o faz Iberê Camargo em muitas de suas pinturas, normalmente escuras em seus fundos e cenários).
ResponderExcluirAcho que ter pensado sobre o onde, como, porque?etc., antes de tirar a foto, permitiu retratar através da imagem registrada temas discutidos por nós em sala de aula, como luz suave e intrigante que nos faz pensar sobre o local da foto, o cenário urbano,os elementos que aparecem em primeiro plano, ou os que se exprimem a meia luz ao fundo de cena... e gostei pq ao ver sua fotografia e refletir sobre, percebo o quanto mudei minha concepção a respeito de imagens, fotografias e suas representações..."não tenho mais um olhar singular sobre uma imagem, mas múltiplos olhares sobre uma única imagem que desperta em mim o desafio de compreender o que está dito nela, ou o que ela pode significar..."
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